A FAZENDA: EU E MEU PAI NUM DIA PRA ESQUECER

sábado, 7 de setembro de 2019

EU E MEU PAI NUM DIA PRA ESQUECER





Lembram do que aconteceu quando eu misturei o arroz com o açúcar e feijão? Então, não aconteceu nada. Meu pai não me bateu não me xingou e disse para minha mãe que depois ele resolveria isto.
Meu pai eh um homem muito severo. Mas eh de criação mesmo, meu avô era super severo com os filhos.

 



Se meu avô chamasse um filho ou mesmo filha e este respondesse: __Espere ai que já vou. Ou qualquer outra palavra que não fosse "Sim Senhor", ele ia até o filho e lhe dava um murro na cabeça com toda a força possível. Isto meu pai contava pra a gente sempre quando a gente fazia algo que ele dizia não ser correto. Dizia que perto do meu avô ele era muito bonzinho, que a gente deveria agradecer por ele não ser como meu avô. Mas eu não via muita diferença do que ele contava do meu avô com o que ele fazia.
Teve uma vez que fui dizer isto a ele, quando ele contava as histórias de meu avô, disse que ele era igual a meu avô. Ele me deu um tapa na cara com tanta força que saiu sangue na boca. Como eu estava sentado na cadeira na frente dele, cai no chão tamanha a força do tapa.
Mas este era o jeito do meu pai, as coisas tinham que ser como ele queria, ou a gente sofria as consequências.


No sábado seguinte ao dia em que misturei o arroz com o açúcar e feijão, meu pai disse para minha mãe que iria pescar no rio que passava próximo a nossa casa. E que iria me levar. E somente eu. Minha mãe disse para ele levar meu irmão mais velho também, mas ele disse que precisava conversar comigo e não queria ninguém atrapalhando. Minha mãe não podia fazer muita coisa e eu, não tinha escolha nenhuma, tinha que ir, mesmo odiando pescaria.
Assim que saímos minha mãe pediu meu irmão mais velho para chamar meu tio, irmão do meu pai, para ele vir urgente. Ele veio rapidamente e minha mãe contou a ele o que tinha acontecido e estava com medo de meu pai fazer alguma coisa comigo. Meu tio então saiu rapidamente atrás da gente.


Na beira do rio, meu pai começou a tirar alguma coisa de dentro de sua "capanga" que era uma espécie de mochila feita de couro muito usada por pescadores e pessoas que fazem Camping. Ele tirou um saco de "linhagem", enfiou este saco na minha cabeça e levou até minhas pernas, deu um puxão fazendo com que eu caísse no chão. Ele levantou o saco me deixando de cabeça para baixo e amarrou. Me deixou no chão dentro do saco amarrado
Meu tio que já vinha correndo e viu o ele fazer isto e mandou ele parar com o que estava fazendo. Meu tio achou que ele me jogaria dentro do rio. Meu tio xingou muito meu pai, dizendo que ele estava ficando louco em fazer isto com o próprio filho. Meu pai só respondeu dizendo que eu era uma praga na vida de todo mundo e queria eu longe de casa.

Meu tio então disse que isto deveria ser resolvido entre ele e minha mãe e que ele iria estar presente nesta conversa e ia contar o que ele tinha feito. Meu pai não tinha medo da minha mãe, ela que tinha medo dele, mas o enfrentava por nossa causa. Nunca ouvi falar que meu pai sequer ameaçado bater na minha mãe. 
Meu pai, meu tio e minha mãe foram conversar. Minha mãe ficou indignada com o que ele tinha feito. Enfim, decidiram que eu deveria ir para um colégio interno no ano seguinte. Claro que eu não queira ir de jeito nenhum. Mas minha mãe veio conversar comigo e disse que era para o meu próprio bem, antes que alguma coisa ruim pudesse acontecer.


Eu não sabia bem o que era um colégio interno, mas tinha certeza que não era um bom lugar, porque sempre que alguém fala de colégio interno, fala que eh o pior lugar do mundo.

Texto: Thymonthy Becker (Pwalwer Kkall)




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