A FAZENDA: VENDEDOR DE PICOLÉS

domingo, 1 de setembro de 2019

VENDEDOR DE PICOLÉS





Engraxar sapatos não estava dando muito certo, pois na maioria dos dias eu não consegui engraxar nenhum sapato. Então, meu pai que era amigo do dono de uma sorveteria que tinha na cidade, na verdade a única que tem na cidade, foi conversar com ele para eu vender picolé no carrinho pela cidade. Este amigo do meu pai faz picolés e muitos meninos saem com carrinho vendendo picolés para ele. Meu pai combinou tudo com ele e eu teria que somente pegar o carrinho com picolés e sair pelas ruas da cidade vendendo.



Fiz conforme meu pai mandou, peguei o carrinho com cinquenta picolés e fui para nosso bairro tentar vender lá. Parei em frente a nossa casa. Meus irmãos ficaram perguntando o que eu fazia ali. Eu dizia que estava vendendo picolé e se algum deles quisesse teria que pagar. Eles riam muito de mim, me chamavam de maluco e diziam que eu tinha que ir na cidade, ali no bairro ninguém ia comprar. Então, com medo de meu pai chegar e me ver ali fui para a cidade.


Parei o carrinho na esquina da rua principal com a estrada que vem até nosso bairro e fiquei sentado no chão. Consegui vender oito picolés. Depois, com sede e com calor, resolvi chupar alguns picolés. Achei que não teria problema, pois o dono dos picolés descontaria do que eu teria para pagar no que eu teria para receber. Assim, sentando ali fui chupando os picolés. Quando chegou a hora de devolver o carrinho fui para a sorveteria. Todos os meninos que vendem picolé e até gente grande que vendem também chegaram quase que juntos comigo.

Assim o dono pega o carrinho, confere quantos picolés sobraram e para saber quanto cada um teria que receber. Eu fiquei por último, porque tinha começado naquele dia. Quando chegou minha vez o dono contou os picolés e disse que tinha vinte e nove picolés, portanto eu tinha vendido vinte e hum picolés. Eu disse a ele que não, que tinha vendido só oito picolés e que tinha chupado alguns picolés e que era para ele descontar no que eu tinha para receber. O dono da sorveteria ficou me olhando parecendo não ter entendido e depois disse que eu tinha chupado treze picolés.


Perguntou se eu estava doido. Disse que eu não podia ter chupado picolé algum. Então ele disse que eu teria que pagar a ele. E disse que teria que dizer ao meu pai o que aconteceu e meu pai teria que pagar o prejuízo que eu tinha dado a ele. Pedi a ele para não falar com meu pai, mas ele disse que meu pai ia querer receber o dinheiro dos picolés que eu tinha vendido e ele não tem tinha como explicar porque eu não ia receber nada. Ele contou para meu pai. Meu pai contou para minha mãe e meus irmãos. Meus irmãos ficam me chamando de retardado, minha mãe fica dizendo que meu pai vai me matar.

Meu pai nada falou comigo sobre este assunto. Assim que ele me viu depois que o dono da sorveteria contou para ele, disse: sábado você e eu vamos pescar no rio aqui perto de casa. Meu pai as vezes vai pescar no rio aqui pertinho de casa, bem debaixo daquela pontinha que ele passa para ir jogar malha no outro bairro. Depois que meu pai saiu minha mãe ficou dizendo que não gostou de meu pai não fazer nada comigo. Meu pai nunca me chamou para pescar ali perto de casa, sempre que ele me leva eh para lugares mais longe.

Texto: Thymonthy Becker 


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