A FAZENDA: A SOJA

terça-feira, 3 de julho de 2018

A SOJA




A SOJA
Quem vê uma semente de soja, de meio centímetro de diâmetro, não imagina o tanto de história que ela carrega nem o tamanho de seu potencial produtivo e econômico. Descoberta há cerca de 5 mil anos, essa oleaginosa saiu do Oriente para a Europa e só chegou ao Brasil no fim do século XIX. Hoje, é a planta mais cultivada no País, com quase 114 milhões de toneladas em uma área de 33,8 milhões de hectares, segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) sobre a safra 2016/2017. 
A soja é uma cultura de grande importância econômica para o Brasil, sendo a principal cultura do agronegócio brasileiro. Ela é uma planta originária da região denominada Manchúria, que fica no nordeste da China. Foi trazida para a Europa no século XVII, durante o período conhecido como o das grandes navegações, onde permaneceu por mais de 200 anos apenas como uma curiosidade botânica, nos jardins botânicos das cortes europeias. Chegou aos Estados Unidos da América por volta do ano 1890 onde era cultivada como forrageira. Na década de 1940 a soja chegou ao Paraguai e na década de 1950 ao México e Argentina. 
HISTÓRIA DA SOJA 
A soja que hoje cultivamos é muito diferente dos seus ancestrais, que eram plantas rasteiras que se desenvolviam na costa leste da Ásia, principalmente ao longo do rio Yangtse, na China. Sua evolução começou com o aparecimento de plantas oriundas de cruzamentos naturais entre duas espécies de soja selvagem que foram domesticadas e melhoradas por cientistas da antiga China. 
As primeiras citações do grão aparecem no período entre 2883 e 2838 AC, quando a soja era considerada um grão sagrado, ao lado do arroz, do trigo, da cevada e do milheto. Um dos primeiros registros do grão está no livro "Pen Ts'ao Kong Mu", que descrevia as plantas da China ao Imperador Sheng-Nung. Para alguns autores, as referências à soja são ainda mais antigas, remetendo ao "Livro de Odes", publicado em chinês arcaico. 
O Brasil é o segundo maior produtor mundial, e, dentre os grandes produtores (EUA, Brasil e Argentina), é o que possui o maior potencial de expansão em área cultivada, podendo, se depender das necessidades de consumo do mercado, mais do que duplicar a produção. Assim sendo, em um curto prazo o Brasil pode constituir-se no maior produtor e exportador mundial de soja e seus derivados. Os principais Estados brasileiro produtores são: Mato Grosso, Paraná, Rio Grande do Sul, Goiás e Mato Grosso do Sul. 
No Brasil, o consumo de soja diretamente na alimentação humana ainda é muito restrito, apenas 3,5% da produção em média, simplesmente por não fazer parte do hábito alimentar do brasileiro, ao contrário do que ocorre em diversos países orientais, cujo consumo é verificado há pelo menos três milênios. Assim sendo, a conscientização do mercado consumidor brasileiro em relação aos benefícios dos alimentos funcionais demanda uma série de pesquisas com novas cultivares e novos produtos à base de soja, em busca de qualidades organolépticas adequadas ao nosso paladar, verticalizando a cadeia produtiva. 
ESTÁ PRESENTE EM MUITOS ALIMENTOS INDUSTRIALIZADOS: 
Da soja, vêm subprodutos como o óleo utilizado na formulação de margarinas, maioneses e molhos (de tomate e para salada). “O shoyu com que se tempera o sushi, nada mais é do que um fermentado de soja”, afirma o biólogo e doutor em genética de microrganismos Airton Vialta, do Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL), em Campinas (SP). 
Essa oleaginosa também está presente em derivados como: leite de soja, farelo (para ração animal), farinha (pães, biscoitos, macarrão e produtos infantis), lecitina (que ajuda a misturar óleo e água em chocolates e no leite em pó) e isolados proteicos, usados em sopas, bebidas e subprodutos de carne. No Brasil, porém, o consumo direto de soja na alimentação (como fonte de proteína) ainda é restrito: apenas 3,5% da produção, em média, simplesmente por não fazer parte dos hábitos da população, ao contrário do que ocorre em países orientais. Vale destacar, porém, que a adição de 20% de farinha de soja a pães, bolachas e massas chega a dobrar o conteúdo proteico desses alimentos. 
TRAZ BENEFÍCIOS À SAÚDE: 
A soja é fonte de vitaminas do complexo B, como tiamina (B1), riboflavina (B2) e niacina (B3); de vitaminas C, E e K, fibras, ferro, ácido fólico, ômega 3, cobre, fósforo, potássio, zinco, magnésio e triptofano (aminoácido que, assim como a niacina e o magnésio, atua como precursor da serotonina, neurotransmissor responsável pela sensação de prazer e bem-estar). 
Também tem alto teor de gorduras boas (mono e poli-insaturadas), baixo teor de gordura ruim (saturada) e é livre de colesterol. Além disso, contém isoflavona, um composto orgânico que atua na prevenção de cânceres de mama, colo do útero e próstata. Por ter uma estrutura química semelhante ao hormônio feminino estrógeno, a isoflavona, é capaz, ainda de aliviar os efeitos da tensão pré-menstrual (TPM) e da menopausa, além de atuar na prevenção de doenças cardiovasculares, diabetes e osteoporose. 
TEM VÁRIOS PRIMOS E UMA FLOR DELICADA: 
A soja é uma leguminosa, como o feijão, a ervilha, a lentilha e o grão-de-bico, todos excelentes fontes de proteína vegetal, carboidratos, fibras, vitaminas e minerais. A vagem da soja verde lembra, inclusive, a da ervilha torta. Suas sementes são lisas, ovais (ou em forma de elipse) e de cor amarelada, preta ou verde. O cultivo leva entre dois e quatro meses, e a planta pode chegar a 1,5 metro de altura. As flores da soja são bem pequenas (até 8 mm de diâmetro), ficam localizadas na base dos ramos e têm coloração branca, púrpura ou roxa. 
Fonte: José Marcos Gontijo Mandarino, pesquisador da Embrapa Soja


2 comentários: