A FAZENDA: O ARROZ, O AÇÚCAR E O FEIJÃO

quarta-feira, 28 de agosto de 2019

O ARROZ, O AÇÚCAR E O FEIJÃO





Naquele balcão onde minha mãe guarda os sessenta quilos de arroz, os sessenta quilos de açúcar e os trinta quilos de feijão fica na copa, onde tem a mesa onde eu durmo em baixo. Muitas vezes meus irmãos e eu também, abrimos a tampa deste balcão, que eh uma tampa só para os três compartimentos, para pegar açúcar para comer. Claro, sem que minha mãe veja, pois ela não gosta que a gente mecha lá. Mas sempre que queremos comer alguma coisa doce, nós comemos açúcar.

 



Quando o pé de tomate que tem plantado na horta aqui de casa tem tomates maduros, a gente apanha o tomate, parte ele no meio, come as sementes e depois enchemos de açúcar as duas bandas do tomate que partimos e comemos a sementes. Eh muito gostoso comer tomate com açúcar e fazemos isso sempre que tem tomates maduro nos pés daqui de casa. Eh melhor que doce.

Estava deitado em minha cama debaixo da mesa e sem nada para fazer, olhando aquele balcão, quando resolvi ir comer açúcar. Abri a tampa do balcão com dificuldades, porque o balcão eh alto e a tampa que eh de madeira eh muito pesada, mas consegui. Comi açúcar e depois resolvi brincar ali mesmo. Como o balcão não estava muito cheio, tive que debruçar sobre ele para conseguir pegar o que queria. Então enchi a mão de feijão e enfiava a mão fechada o mais fundo possível no arroz e depois abria a mão para deixar os feijões o mais fundo possível. Depois enchi novamente e fazia a mesma coisa no açúcar.


Fiz isso com quase todo o feijão. Só não fiz com todo o feijão porque minha mão não alcançava o fundo do balcão. Depois fiz a mesma coisa com o arroz jogando ele no açúcar. Eu enfiava a mão cheia de arroz o mais fundo que eu conseguia no açúcar e abria a mão para deixar o arroz o mais fundo possível no açúcar. Depois peguei açúcar e fiz a mesma coisa no arroz. 
Minha brincadeira era para que eu colocasse o que tinha em um compartimento no outro sem que ele aparecesse. Enquanto eu estava ali brincando meu irmão chegou na copa, me viu debruçado sobre o balcão e ao ver o que eu estava fazendo chamou minha mãe aos gritos. Eu assustei e olhei para ele e perguntei: o que foi? Nisto vieram outros irmãos meu e minha também. Meu irmão foi logo dizendo que eu tinha misturado tudo no balcão. Minha mãe olhou o balcão e começou a chorar.

Minha mãe chorava e dizia o que ela iria fazer, que meu pai ia me matar. Meus irmãos ficaram dizendo que eu era retardado demais, que eu estava perdido na hora que meu pai chegasse em casa. Depois de algum tempo minha mãe ficou mais calma e chamou meus irmãos mais velhos para peneiraram todo o açúcar tirando todo o arroz e o feijão que estavam nele. Depois peneiraram o arroz para tirar o açúcar e pegaram os feijões que ficaram no arroz peneirado.

Minha mãe falou até em não contar para meu pai, com medo do que ele poderia fazer. Mas meus irmãos disseram que iam contar mesmo minha mãe pedindo para eles não falarem. Meus irmãos contaram para meu pai assim que chegaram, mas minha mãe disse que já tinha separado o que tinha misturado porque tinha sido pouco. Meu pai não fez nada comigo, mas quando passou por mim disse: Você não perde por esperar.

Texto e fotos: Thymonthy Becker Cortez



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