A FAZENDA: AS GOIABEIRAS DA CASA DO MEU TIO

sexta-feira, 30 de agosto de 2019

AS GOIABEIRAS DA CASA DO MEU TIO





Meu pai tem um irmão que mora em outro bairro não muito longe do nosso. Na casa deste nosso tio tem um terreiro muito grande.




Neste terreiro da casa dele tem três pés de goiaba. Estes pés já são bem velhos e são muito altos. Sempre quando eh época de goiaba, meu pai deixa a gente ir nesta casa do meu tio pedir para apanhar goiabas. Nem sempre ele deixa. As vezes quando chegamos na casa dele, geralmente eu e mais uns quatro ou cinco irmãos meu e pedimos para apanhar goiaba, ele diz não. Sempre vamos lá pedir para apanhar goiabas no domingo. Quando ele deixa a gente apanhar goiabas e nós entramos para o terreiro dele, vemos os pés de goiabas carregados de goiabas maduras.

O chão sempre cheio de goiabas que caíram. Eh muita goiaba mesmo nos três pés. Meus irmãos sobem com as sacolas para colocar goiabas para levar para nossos pais e meus outros irmãos que não vieram. Mas meus irmãos vão enchendo as sacolas e comendo goiaba ao mesmo tempo. Quando a gente vai embora levamos as goiabas que apanhamos para nosso tio ver. Ele escolhe as melhores goiabas e pega para ele e depois diz que podemos ir embora com as goiabas. 
Neste domingo em que fomos pegar goiabas nesta casa do meu tio, meus irmão vão subindo bem alto nos pés de goiabas, porque eh lá em cima que ficam as melhores. Eu não posso subir alto no pé de goiaba, porque minha mãe não deixa e fala para meus irmãos não me deixarem subir no pé de goiaba. Porque diz minha mãe que vivo caindo de árvores e por isso não podia subir na goiabeira de jeito nenhum. Mas meus irmãos que ficam dizendo que não são minhas babás, dizem que não vão ficar me vigiando e por isso me deixa subir no pé de goiaba, desde que eu não vá para o alto do pé, fique sempre mais em baixo.

E assim, todos os domingos em que viemos até aqui na casa do meu tio apanhar goiabas, ou eu fico no chão ou subo num galho baixo da goiabeira. Neste domingo eu subi em uma goiabeira e não fui muito alto. O pé de goiaba em que eu subi estava carregado, mas eh no alto que ficam as maiores. Neste domingo subi mais um pouco do que estava acostumado em busca de uma goiaba bem grande. Quando estava próximo da goiaba eu perdi o equilíbrio e caí da goiabeira. 
Caí e comecei a gritar de dor. Meus irmãos descendo rápido das goiabeiras perguntando o que tinha acontecido. Meu tio e minha tia vieram correndo saber o que tinha acontecido. Eu não conseguia sair do lugar e com muita dor comecei a não me sentir muito bem. Meu tio chamou a ambulância e fui levado para o pronto socorro. Meu tio mandou o filho dele ir avisar meu pai e minha mãe que eu tinha caído do pé de goiaba. Minha mãe foi para o pronto socorro e lá ela culpava meus irmãos por terem me deixado subir na goiabeira.

Depois de um tempo o médico foi até onde minha mãe e meus irmãos estavam e disse que eu já estava no quarto e iria passar a noite ali para observação. 
Minha mãe foi para o quarto onde eu estava e lá começou a xingar meus irmãos pelo que tinha acontecido e meus irmãos me xingando porque eu tinha subido no pé de goiabas.

Eu estava ali engessado, pois tinha quebrado a perna e pé direito, a bacia e o cotovelo direito. Curativos no rosto onde tinha machucado, nos braços e nas costas, pois quando caí da goiabeira minhas costas machucou em um galho. Em casa, na minha cama debaixo da mesa, todas as vezes que minha mãe passa e me vê ali todo engessado e machucado, ela xinga meus irmãos e a mim também. Meus irmão todas as vezes que passam por mim debaixo da mesa, também me xingam e me culpam por que minha mãe disse que ninguém mais iria apanhar goiabas na casa do meu tio. 
Pouco tempo depois ouvi minha mãe dizer para meus irmãos que nosso tio tinha cortado os três pés de goiaba. Disse que não foi por minha causa, o motivo era porque ele iria construir uma casa nos fundos de sua casa. Este meu tio dono das goiabeiras veio aqui em casa saber como eu estava, mas não foi até a copa onde eu fico debaixo da mesa para me ver, ficou apenas conversando com meus pais no alpendre.
Texto: Thymonthy Becker




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