A FAZENDA: O PADRE QUE PASSAVA FILME NA PAREDE

segunda-feira, 19 de agosto de 2019

O PADRE QUE PASSAVA FILME NA PAREDE





Aqui no bairro onde moramos não tem sala de cinema, mas na cidade tem. Mas no bairro tem um padre que passa filme na parede das casas dos moradores do bairro.

Ele passa o filme sempre no sábado e quando ele pode. Já tinha ido em muitas casas passar o filme, mas aqui em casa ele nunca tinha vindo. E neste sábado meu pai avisou pra gente que ele viria passar o tal filme para nós. Quando o padre chegou já estava de noite. Ele chegou e já foi arrumando a sala para passar o filme.
Prendeu um pano branco grande na parede da sala e depois ligou umas máquinas e começou a passar o filme. Nossa sala ficou cheia só com meus pais e meus irmãos. Eu estava lá vendo o padre montar tudo, mas quando foi para começar, vieram meus pais e meus irmãos e foram sentando no chão bem perto de onde estava passando o filme.


Com isso foram me empurrando para trás e acabou que fiquei o mais longe de onde passava o filme, estava na porta do quarto dos meus irmãos mais velhos. Então fui até a copa, do outro lado da parede, para esperar o filme atravessar a parede e eu ver ele de perto. Mas o filme já estava passando e não atravessava a parede para onde eu estava.
Então fui até a sala e disse para o padre que o filme não estava passando para o outro lado. O padre sorriu, meus irmãos começaram a dar gargalhadas e dizerem que eu era pirado. O padre apenas disse para mim que o filme não atravessava a parede, que eu teria que ver dali.

Meus irmãos deram gargalhadas e me chamaram de Bolinha Pinéu. Meus irmão, sempre que faço alguma coisa que eles acham que não eh normal, me chama de Pinéu. Pinéu eh um lugar onde eles colocam as pessoas que são doidas e fica numa cidade aqui perto que chama Barbacena. Meus irmão ficam me falando que meu pai vai me mandar pra lá.
Meu pai então mandou eles calarem a boca e prestarem atenção no filme. Alguns dos meus irmãos ainda olhavam despistadamente para mim, sem que meu pai visse, ria e rodavam o dedo em volta da orelha num gesto que quer dizer que sou doido.

Então fui para minha cama debaixo da mesa. Minha mãe até me chamou algumas vezes para ir ver o filme. Todas as vezes que ela me chamou eu respondi: Já to dormindo. 

Fonte dos textos e fotos: Thymonthy Becker (Pwalwer Kkall)






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